Bordeaux: Um Clássico Renovado

Muitos se perguntam quando e porque os vinhos de Bordeaux mudaram, e outros tantos se questionam se de fato houve tal mudança, e mais ainda quais os resultados práticos para o mercado resultantes destas mudanças.

Bem, não há dúvidas que estes tradicionais vinhos de Bordeaux sofreram alterações importantes que trouxeram reflexos do mercado e para o mercado. Esta mudança se inicia a partir das iniciativas que houveram principalmente nas sub-regiões de Pomertol e St-Émilion, aonde surgiram, em meados da década de 80, os primeiros produtores denominados “garagistas”. Tratavam-se de pequenos proprietários que, de olho no sucesso dos vinhos do dito “Novo Mundo”, que traziam ao consumidor produtos mais intensos, com mais álcool, mais corpo, mais cor, mais estrutura, e principalmente mais concentração, passaram a adotar nestas propriedades de mínimas proporções, de um único hectare ou as vezes ainda menores, procedimentos como a drástica redução da quantidade produzida em favor da maior concentração e qualidade das poucas garrafas que chegavam ao mercado, além de outros que garantiram uma “diferenciação” dos vinhos em relação aos mais tradicionais produtores daquela região.

Em que pese as discussões, válidas aliás, quanto a vantagem da adoção do padrão “parkeniano” típico dos “vins de garage”, em relação ao eventual abandono ou ao menos afastamento do padrão de delicadeza e elegância mais típico dos vinhos à moda antiga, o sucesso estrondoso obtido por estes “garagistas”, dos quais o primeiro e maior exemplo é “Château de Valandraud”, que passaram a ter suas garrafas disputadas à preços estratosféricos, nunca d’antes imaginados, foi mais do que suficiente para “acordar” os grandes e tradicionais produtores para seguir, ao menos em parte, o exemplo dado.

É inegável que até alguns anos atrás mesmo um Grand Cru podia soltar no mercado uma safra com pequenos defeitos, como acidez exagerada decorrente da falta de maturidade adequada da fruta ao ser vinificada e este defeito seria atribuído ao “estilo” do produtor, o que era, sem dúvida, um engano do consumidor. Estes tipos de ocorrência não são mais toleradas e levaram mesmo os grandes Chateaus a maiores cuidados na produção sendo forçados principalmente à diminuição da produtividade, que chegou em muitos casos a cair em 50% em relação ao início da década de 80.

O resultado para o consumidor, é claro, foi em duas mãos: um ganho indiscutível em relação à qualidade média oferecida pelos bons vinhos de Bordeaux, mas ao mesmo tempo uma tendência inegável de subida dos preços em geral.

Quem tem a oportunidade e o prazer de degustar, por exemplo, uma garrafa do SÉGLA, segundo vinho do Grand Cru Classé de Margaux “Chateau Rauzan-Séglas”, como eu tive em relação à safra de 2003, tem a doce e alegre experiência de perceber um vinho de alta qualidade, superior inclusive ao primeiro vinho do Chateau de anos antes. Nota-se muito corpo em veludo, com geléia de frutas negras, em especial ameixa, que agrada, indubitavelmente, à qualquer paladar, mesmo os mais exigentes.

Todavia, percebe-se de forma não menos clara que os preços em geral dos vinhos de Bordeaux estão cada vez maiores. Isto aliás não se deve apenas ao aumento de qualidade e à diminuição da produtividade, mas também ao crescimento do mercado consumidor, especialmente com o surgimento de novos e poderosos mercados como os Asiáticos e do Leste-Europeu. Aliás, é bom que se observe, este fator está atingindo inicialmente os vinhos desta e de outras regiões tradicionais produtoras de vinho, mas vem alcançando aos poucos, sem dúvida, outros produtos de alta qualidade no mundo inteiro, especialmente os afamados do “Novo Mundo”, vinhos de primeira qualidade da Califórnia, Austrália, África do Sul, Chile e Argentina foram fadados a terem seus preços crescentes ao longo dos últimos anos, em especial em relação àqueles mais renomados.

A nós, consumidores, nos resta consumi-los e aproveitar o aumento da qualidade, mesmo que a mais duras penas para o nosso orçamento. O importante, como sempre , é buscar sempre a melhor relação Custo X Benefício que o mercado apresentar.

UM BRINDE A TODOS

Alexandre Franco

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